Recentemente, temos visto a alta do dólar ser motivo de grande apreensão no cenário macroeconômico brasileiro. No final de 2024, presenciamos a moeda americana avançar incríveis 27,34% em relação ao real, o que preocupou o mercado como um todo.
Essa foi a maior variação da moeda americana desde 2020, quando estávamos no auge da pandemia de Covid-19. Naquele momento, a valorização do dólar frente ao real chegou a 28,9%. No final de 2024, no momento de maior turbulência, um dólar chegou a custar R$6,30, sendo esse o recorde nominal da cotação. Para você ter uma ideia, a apenas um mês atrás, um dólar custava R$5,77.
Você talvez possa achar que isso somente afeta quem viaja ao exterior ou quem compra produtos importados. Mas a realidade é que o valor do dólar impacta diretamente o nosso dia a dia em praticamente tudo que consumimos. Continue lendo esse artigo até o final, para saber como.
Índice
Por que o dólar está subindo tanto?
Em primeiro lugar, o dólar sobe porque os investidores preocupam-se com o crescimento da dívida em nosso país. Como não há uma sinalização no corte de gastos por parte do governo, as incertezas começam a surgir de todos os lados nas previsões sobre a inflação e os juros.
Para o investidor, essa insegurança dispara uma corrida em direção a moedas mais seguras e estáveis, como é o caso do dólar. Seguindo a lei de oferta e procura, aumentando-se a demanda por dólar, seu preço também sobe.
Em segundo lugar, há o contexto atual americano, com a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Se o futuro presidente realmente cumprir as promessas de taxação de produtos estrangeiros e de deportação de imigrantes, a tendência é de que haja uma valorização global do dólar, não apenas para o Brasil.
Após intervenções do Banco Central que injetou, por meio de leilões, US$ 21,574 bilhões à vista na economia em dezembro, hoje o dólar fechou a R$ 6,04, o menor valor em quase um mês. Mesmo assim continua alto e as perspectivas não são muito favoráveis. Especialistas acreditam que a moeda americana deve passar por bastante volatilidade, ficando entre R$5,70 e R$6,30 durante todo o ano de 2025.
Mas como a alta do dólar afeta a sua vida?
O maior problema em relação ao dólar alto é que muitos produtos essenciais têm seus preços atrelados a ele, mesmo que sejam produzidos aqui no Brasil.
Um exemplo disso é a gasolina. Embora o Brasil seja um produtor de petróleo, a cotação internacional do barril em dólar impacta diretamente no preço que pagamos nas bombas. Quando a gasolina sobe, o custo de transporte de mercadorias também aumenta, afetando o preço de praticamente tudo que compramos, desde alimentos até roupas.
Além disso, produtos básicos como o trigo, que importamos da Argentina, também são cotados em dólar. Isso significa que, quando o dólar sobe, o preço da farinha de trigo aumenta, impactando diretamente nos produtos essenciais para o nosso dia a dia. Por exemplo, o pão que você compra na padaria fica mais caro, pois a farinha usada para fazê-lo ficou também mais cara.
Então, mesmo que não tenhamos planos de viajar para o exterior ou de comprar produtos importados, a alta da moeda americana se reflete no preço dos produtos básicos e no custo de produção, e isso afeta diretamente o nosso bolso.
Se para o cidadão brasileiro é ruim, para a bolsa brasileira esse resultado é ainda mais aterrador. Em 2024, o Ibovespa registrou perdas de 10,36% no acumulado do ano, com mais pregões negativos que positivos, coisa que não acontecia desde 2015.
Estamos presenciando as ações das empresas brasileiras caírem seguidamente com a Vale, por exemplo, acumulando a 7a queda consecutiva. Por isso, todo o mercado está cauteloso e retraído, aguardando o que irá acontecer.
Onde investir com a alta do dólar?
Para proteger seu patrimônio, muitos investidores reforçam a “dolarização” de sua carteira, que nada mais é do que realizar investimentos com a moeda americana, no lugar do real. É importante ressaltar que dolarizar não consiste somente em comprar dólar mas, principalmente, operar no mercado americano de ações, negociando ativos financeiros diretamente na bolsa dos EUA.
Dolarizar a carteira já é algo bastante atrativo mesmo sem a queda do real, pois permite diversificação geográfica, acesso a grandes empresas globais e uma maior rentabilidade dos investimentos. Além disso, a bolsa americana é muito mais diversa que a brasileira. Enquanto no Brasil temos cerca de 380 ativos financeiros sendo negociados, nos Estados Unidos há mais de 8 mil!
Hoje operar em dólar é possível para todos os brasileiros, inclusive para quem tem pouco dinheiro ou quem está começando a investir. Existem bancos aqui no Brasil que permitem que tenhamos contas globais em dólar, com taxa zero de abertura, manutenção ou inatividade.
Mas esse é assunto para um próximo artigo. Fique atento a esta seção para saber mais a respeito!
Para notificação de novas postagens, siga-nos em nossos canais:
- Whatsapp: https://abre.ai/umaboavida-whatsapp
- Telegram: https://t.me/umaboavida

Professora efetiva do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) na área de Ciência da Computação. Atua como investidora na bolsa de valores e no mercado de capitais nas horas vagas.